Sobre
Para a quinta edição do ciclo de programação Práticas de Encontro, o Centro de Estudos de Teatro (CET/FLUL) e o estúdio de atuação O Canto do Bode, realizam o laboratório intensivo “Para que não esqueçamos nossa descendência de criança: co-existência, co-movência e particip-ação no fluxo da vida (e da cena)”, com Tatiana Motta Lima. O laboratório parte da seguinte questão: será que houve um tempo – literal ou inventado - da nossa vida, em que nós nos percebemos envolvidos em relações de amizade, de fraternidade, conosco mesmos, com os outros seres e com as coisas? Através de exercícios, improvisações e jogos que terão como foco, sobretudo, a noção de contato (a partir de Grotowski), mas também, entre outras, as noções de escuta, atenção flutuante, atenção conjunta, percepção alargada e micropercepção, os participantes buscarão se reconectar com aquelas relações fraternas, com a “descendência de criança”, com esses momentos-acontecimentos nos quais o movimento, o afeto e a ação não são nem propriedades, nem expressões, nem sentimentos de um dado indivíduo, mas dão notícia de nossa participação no fluxo da vida (e da cena).
Público
Profissionais e estudantes das áreas de dança, teatro, performance.
Onde
Companhia Olga Roriz
Travessa do Recolhimento Lázaro Leitão, nº.1, 1149-044, Lisboa.
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Quando
Dia 02 de Maio de 2024 das 20h às 22h
De memórias e desejos - Conversa preparatória para o laboratório
Sala: Estúdio Rio
Dias 04 e 05 de Maio das 10h às 18h
Laboratório: “Para que não esqueçamos nossa descendência de criança: co-existência, co-movência e particip-ação no fluxo da vida (e da cena).”Sala: Estúdio Central
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Inscrições
Enviar email para ocantodobode@gmail.com com comprovativo de transferência bancária da taxa de colaboração no valor de 15€.
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Dados bancários
IBAN PT50003503550003672703085 ou MBWAY +351 934 674 537.
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Iniciativa
Estúdio de atuação O Canto do Bode e Centro de Estudos de Teatro
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Organização
Vítor Lemos, Gustavo Vicente, Maíra Santos
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Artista convidada
Tatiana Motta Lima
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Professora associada da UNIRIO, no Departamento de Interpretação e no Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas. Estuda, há mais de 30 anos, a obra de Grotowski, tendo escrito o livro Palavras Praticadas: o percurso artístico de Jerzy Grotowski, 1959-1964, pela Editora Perspectiva, e trabalhado na organização de Seminários, produção de dossiês e condução de workshops sobre o tema. Participou de publicações e realizou palestra e oficinas junto ao Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards. Mantém uma parceria artística com o ator e pedagogo François Kahn, que colaborou com Grotowski nos anos 70 e 80. É diretora do Hanimais Hestranhos, com o qual desenvolve uma pesquisa prática sobre atuação e subjetividades. Coordena, desde 2019, o Laboratório d’Inutilezas, um coletivo que trabalha preferencialmente ao ar livre, sobre questões vinculadas à percepção e à coexistência entre seres vivos e não vivos, pesquisando-as como forças de criação cênica. Colabora com a Qinti Companhia, tendo dirigido recentemente o espetáculo “Temperos de Frida”. Participa dos Grupos de Pesquisa CNPq: CRIA: Artes e Transversalidade (UFMG) e Artes do Movimento (UNIRIO). É membro do conselho artístico e editorial do CLAPS, Centro Latino Americano de Pesquisa Stanislavski. Como pedagoga, escreveu sobre inúmeros temas vinculados aos processos criativos do ator e da atriz (Sala Preta, Illinx, Revista Pós, Urdimento, etc), bem como ministrou estágios práticos e teóricos para atores e bailarinos fora do espaço da Universidade em que leciona - no Rio de Janeiro, SP, Campinas, BH, Fortaleza, Lima.
Práticas de Encontro é um ciclo de programação promovido pelo Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e o estúdio de atuação O Canto do Bode com vista a explorar o alcance epistemológico, afectivo e criativo que o encontro entre diferentes pessoas e colectivos pode proporcionar. Interessa-nos particularmente experimentar práticas alternativas de convivência, de diálogo e de reconhecimento da experiência vivida na relação com o outro enquanto forma de criação de mundos possíveis.
O Canto do Bode é um estúdio situado em Lisboa voltado para a elaboração de processos e estudos sobre a atuação, ao aprimoramento psicofísico do ator/atriz-performer e ao desenvolvimento de projetos artísticos.
O Centro de Estudos de Teatro é uma unidade de investigação que, desde 1994, funciona como palco privilegiado de atividades de investigação artística e formação de investigadores para o estudo do teatro. Está sediado na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) à qual pertencem vários dos seus membros e integra também investigadores e colaboradores de outras universidades e escolas do país, estudantes de doutoramento, investigadores de pós-doutoramento e profissionais de teatro.
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Descrição
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Meu interesse pela noção de contato, noção grotowskiana que investigo há três décadas em sala de aula de atuação, me levou a trabalhar com meus estudantes auxiliando-os a perceberem-se como parte de uma rede sutil de relações entre seres humanos e não humanos, vivos e não vivos. Ao colocar o foco da investigação nessas vivências relacionais, uma experiência se apresentou e convocou a minha atenção de professora-pesquisadora: quando o contato se estabelecia, digamos, em sua plenitude - vindo junto com uma atenção flutuante, um ajustamento continuo e delicado das ações, uma liberação dos bloqueios corpóreos-relacionais dos estudantes envolvidos, o que prevalecia eram menos as individualidades e mais um fluxo rítmico, vibracional, quase sonoro e, de certa maneira, impessoal que nomeei, fiel à linhagem grotowskiana, de “fluxo de vida”. Nessa espécie de imersão (Coccia, 2018), relações, ações e afetos apareciam modificados com relação aos modos mais frequentes de vivenciarmos nossas individualidades, tanto no teatro quanto na vida. Nesse momento de máxima captura de nossas subjetividades pelo modelo neoliberal-individualista, competitivo, produtivista - e de crise climática - nascida da objetificação e consumo da natureza - essas experiências artísticas, mesmo circunscritas e frágeis, podem nos aproximar daquele “mais do menos eu” que Byung-Chul Han (2015) localiza em um determinado tipo de cansaço que, afrouxando as presilhas da identidade, cria uma amizade profunda entre os seres. Que cenas e que mundos poderíamos inventar (ou relembrar) a partir daí?
Referências:
COCCIA, Emanuele (2018), A vida das plantas, trad. Fernando Scheibe, Florianópolis, Ed. Cultura e barbárie.
HAN, Byung-Chul (2015), A sociedade do cansaço, trad. Enio Paulo Giachini, Petrópolis, Ed. Vozes.
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Quando
Dia 06 de Maio de 2024 às 18h.
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Onde
Local: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
Alameda da Universidade, 1600-214, Lisboa. Sala B112.G
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ENTRADA LIVRE PARA TODOS OS INTERESSADOS E INTERESSADAS SEM NECESSIDADE DE INSCRIÇÃO PRÉVIA